De acordo com 1 Coríntios 11, é pecado a mulher tingir e/ou cortar os cabelos? E ela é obrigada a usar véu?
Tingir os cabelos faz parte do adornar-se, que é uma característica mais acentuada no sexo feminino e que os homens, particularmente os maridos, deveriam saber elogiar nas suas esposas. O Antigo Testamento fala muito em adornar-se. Leia-se Isaias 60.13; 61.40 e Jeremias 31.4. Em o Novo Testamento, o texto de 1 Pedro 3.3 e 4, geralmente é usado contra o uso de jóias e adornos no cabelo e no vestuário das mulheres. Tudo indica que o apóstolo não está, nesse texto, pura e simplesmente, proibindo os adornos das mulheres, mas que está advertindo contra o exagero e contra a atitude de fazer dos adornos um fim para si mesmo. Ao adornar-se, a mulher não deve esquecer que a sua vida interior é o melhor dos enfeites que ela pode usar. A respeito de a mulher cortar os cabelos, a primeira consideração que se faz necessária é que isso era vergonhoso para a mulher cristã no tempo dos apóstolos, por ser uma marca característica das prostitutas na sociedade de Corinto. Essa conotação, porém, não existe mais em nossos dias. Além disso, o versículo 16 do texto em questão – “Contudo, se alguém quer ser contencioso, saiba que nós não temos tal costume, nem as igrejas de Deus” – deixa entender que Paulo não tinha em mente estabelecer uma lei apostólica, mesmo porque esse assunto não foi repetido por outros apóstolos de Cristo, como é o caso do batismo e da santa ceia, por exemplo. Tudo indica que se trata de um costume circunstancial. O uso do véu e de cabelos compridos por parte das mulheres cristãs está no mesmo nível da prática do “ósculo santo” – o beijo na face – dado como saudação entre os cristãos, conforme Romanos 16.16; 1 Coríntios 16.20; coríntios 13.12; 1 Tessalonicenses 5.26 e 1 Pedro 5.14. Assim sendo, quem exige o uso do véu e o uso de cabelos compridos por parte das mulheres cristãs, por uma questão de coerência, também deveria exigir hoje a pratica do ósculo santo como saudação entre cristãos. Ainda há a considerar o fato de que em todo o Novo Testamento não se registra qualquer caso de exclusão de uma pessoa da igreja, em razão de usar adornos, cortar cabelos ou não usar véu. Portanto, esses temas jamais devem exceder os limites das recomendações fraternas, nem devem entrar na esfera das leis que determinam a disciplina eclesiástica.