Os familiares de uma vítima de um crime são obrigados a perdoar ao assassino?
Esta questão deve ser julgada à luz do episódio de José e seus irmãos ( Gênesis 50.15-21 ). Embora não se tivesse passado da intenção de cometer um crime, esse caso aponta para o perdão como o melhor caminho a ser seguido pelos filhos de Deus, mesmo quando vítimas de um crime. Como José, não devemos querer nos colocar no lugar de Deus e julgar a quem se deve e a quem não se deve negar o perdão que Deus oferece graciosamente a quem se arrepende com sinceridade. Se é difícil perdoar, mais difícil ainda é viver sem perdoar. O exemplo de Jesus – vítima pessoal de “latrocínio”, pois teve roubadas as suas vestes ao ser morto na cruz – orando por perdão para seus inimigos, nos deve animar a exercer o perdão em circunstancias idênticas. É claro que perdoar, aqui, não significa que o criminoso fique livre de julgamento e punição em um tribunal humano. Ele deve ser julgado e punido de acordo com a lei civil vigente, como lemos em Levíticos 34.9-15. Perdoar, aqui, tem mais haver com a própria alma, com a paz interior das pessoas atingidas. Como o cristão poderá comparecer diante de Deus para pedir perdão de seus pecados, se ele próprio não perdoa os dos outros? Jesus disse: “E quando estiverdes orando, se tendes alguma coisa contra alguém, perdoai, para que vosso Pai celestial vos perdoe as vossas ofensas.” ( Marcos 11.25 ). Sendo assim, antes de ver este perdão como algo que se é “obrigado” a dar, queremos vê-lo como condição inerente e própria de ser cristão. Porque se é cristão, perdoa-se incondicionalmente. É isso que diferencia o cristão do não-cristo. O cristão que não perdoa, anda de muletas no caminho da santificação e a jato no caminho do pecado, excluindo-se da graça de Deus.