Por que a Igreja Luterana não pratica a oração na forma descrita em Tiago 5.14: “Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da igreja, e estes façam oração sobre ele, ungindo-o com óleo”?
Nesse texto, o apóstolo Tiago não está pronunciando um mandamento ou uma ordem para a igreja cumprir através dos tempos, mas apenas está citando em costume praticado entre os cristãos de seu tempo. Isso se vê em alguns casos citados pelo Novo Testamento, tais como Marcos 6.13, onde diz que os discípulos “expeliam muitos demônios, e curavam numerosos enfermos, ungindo-os com óleo”; e Lucas 7.46, onde Jesus aponta a falha dos discípulos que não lhe tinham ungido a cabeça com óleo, enquanto a mulher pecadora lhe ungira os pés com bálsamo; e Lucas 10.34, onde o bom samaritano aplica óleo e vinho nas feridas de um judeu assaltado e ferido. Não existe, no entanto, qualquer texto do Novo Testamento que ordene expressamente a pratica desse costume através dos tempos. Esse caso pode ser considerado paralelo à saudação com o “osculo santo”, ou o “osculo do amor” ( o beijo na face ( Cf. Lucas 7.45; Romanos 16.16; 1 Coríntios 16.20; 2 Coríntios 13.12; 1 Tessalonicenses 5.26 e Pedro 5.14 ). Não existe nenhum mandamento expresso no Novo Testamento que obrigue os cristãos a seguirem esses costumes. Mas, se a igreja praticava esse costume, por que deixou de faze-lo, apesar de não ser um mandamento? Talvez porque no transcorrer dos tempos, se associou à idéia de poder curador e milagroso do óleo. Não foi com esse propósito que se ungia com óleo. Ele apenas era usado como símbolo do poder curador de Deus. Com o desvirtuamento do conceito da unção com óleo, o costume foi abandonado. Em si, portanto, não é errado ungir com óleo, desde que se faça de forma consciente do seu verdadeiro sentido: como símbolo de poder de Deus, e não como se ele fosse uma força capaz de curar.