De 28 de janeiro a 2 de fevereiro, aconteceu o Congresso da Juventude Luterana do Brasil. Com o tema ‘Guiados’ e a comemoração do centenário, a programação contou com apresentações de bandas, dança, teatro, diversos workshops ministrados por pastores sobre os mais variados temas, atividades, além da eleição para a nova diretoria dos jovens.
Entrevistamos o pastor Neander, que fez parte do Conselho Geral da JELB 2022-2025, para falar sobre alguns desafios que os jovens enfrentam e também sobre essa grande comemoração dos 100 anos da Juventude Luterana. Confira:
Quais são os desafios mais comuns que os jovens enfrentam ao tentar se envolver ou permanecer na igreja?
Ao mesmo tempo que a igreja quer acolher os jovens, muitas vezes, ela não sabe
como fazê-lo. E diante do mundo em rápida e constante mudança que cerca a todos, em
muitos casos, não é na igreja que o jovem acaba ficando. Além disso, a juventude é o
momento em que a pessoa mais recebe influência e forma opiniões que a acompanharão,
muitas vezes, durante toda a vida. Diante disso, a igreja precisa ouvir o jovem, mas também
comunicar a ele de forma acessível e dinâmica a mensagem da salvação em Jesus Cristo.
Ouvir também é dar espaço para o jovem falar sobre os desafios que o mundo coloca diante
dele e como o jovem pode, à luz da Palavra de Deus, lidar com as questões do dia a dia.
Penso que a igreja não deve tentar “tirar o jovem do mundo” – o que acredito ser a grande
causa de muitos jovens estarem decepcionados com suas igrejas – mas ensinar a viver a fé
aqui no mundo, sendo espelho da graça e do amor de Deus em Jesus.
De que maneira os jovens podem se sentir mais valorizados e ouvidos dentro da igreja?
Jovens são ativos, cheios de energia e com muitas boas ideias. Ouvi-los e convidá-los
para o trabalho e responsabilidades é uma excelente forma de mostrar o quão valiosos são para a igreja hoje, não apenas do futuro.
Quais programas ou atividades poderiam ser desenvolvidos para atrair mais jovens e
mantê-los engajados?
Cada realidade tem suas particularidades, havendo que se levar em conta questões
culturais, distâncias e oportunidades dentro da igreja. Considerando-se isto, vejo que o
interesse no estudo da Bíblia vem crescendo principalmente entre os jovens. Dinâmicas e
grupos de estudos voltados para a Palavra, bem como workshops de liderança e vivência
de fé, com linguagem acessível – em todos os sentidos – podem ser boas maneiras de
atrair e engajar os jovens.
Qual é o papel dos líderes e dos membros mais velhos na formação espiritual dos jovens?
Não vejo outra resposta para esta pergunta a não ser ouvidos atentos, corações
dispostos a acolher e sabedoria disposta a ensinar. Jovens também precisam de direção ao
colocar suas energias e ideias a serviço da igreja.
Como as redes sociais e a tecnologia podem ser usadas para aproximar os jovens da igreja,
sem perder o foco nas relações reais e da boa conduta?
As redes sociais são talvez o maior e mais eficiente modo de se comunicar com os
jovens atualmente; afinal, é difícil encontrar alguém que está totalmente desconectado
delas. A igreja pode se fazer presente também no mundo virtual e isso a pandemia do
covid-19 nos ensinou muito bem. Ali a igreja pode também espalhar a sua voz e, com
conteúdo e boa apresentação, chamar o jovem a fazer parte do corpo de Cristo, que é real,
comporto de diversos dons, abraços e sorrisos diferentes.
Como a igreja pode envolver os jovens em atividades de serviço e ação social, ajudando-os
a perceber seu impacto no mundo?
Todos os cristãos, a partir do seu Batismo, são da terra e luz do mundo, chamados a
viver Jesus em sua vida cotidiana. Isso implica diretamente na ajuda a quem precisa, ou
seja, na vida de serviço ao próximo. A igreja, a partir dos ensinamentos de Cristo, tem a
missão de ensinar a viver a fé ativa no amor, direcionando, especialmente a energia e a
disposição dos jovens, a programas que os permitam colocar seus dons à disposição do
reino de Cristo em benefício de quem necessita.
Diante de tantos desafios, como foi a construção do “Guiados” para o centenário da JELB?
O “Guiados” surgiu partir da certeza de que temos o Deus de toda graça e
misericórdia ao nosso lado. Quando olhamos para a história da JELB, isso fica evidente. Ao
celebrar 100 de fundação da JELB, o CG 2022-2025 optou por deixar isso em evidência: só
chegamos aqui porque Deus nos guiou, pelo seu Espírito Santo, na Palavra e Sacramentos,
com sua presença poderosa e constante. Esse mesmo Deus nos guiará eternamente
(Salmo 48.14).
O que significa para as gerações ter uma comemoração tão importante quanto essa, de
comemorar 100 anos de muitas histórias de juventudes dentro da igreja?
Penso que o significado disso vai muito além de um marco temporal e histórico, mas
é comprovar maravilhados, mais uma vez, que Deus cumpre as suas promessas. A JELB
teve muitos desafios diante de si e, por si só, não teria subsistido. Mas Deus esteve com a
JELB, com cada jovem, com cada líder, com cada grupo de jovens, com cada pastor que os
auxiliou e guiou e, em todos eles, Deus mesmo agiu e conduziu a sua história. Celebrar 100
anos não é olhar para a instituição, mas sim para as maravilhas que Deus opera em seus
filhos por sua graça.
O que o seu coração de pastor e conselheiro da JELB nos últimos anos tem para nos dizer
sobre permanecer firme na caminhada cristã em qualquer fase da vida?
A vida, principalmente na juventude, é repleta de desafios, questionamentos e
tentações, muito em função da pressão que está sobre os ombros daqueles que precisam
tomar decisões que impactarão diretamente o seu futuro. Mas, especialmente nesse
período da vida, Jesus convida a se entregar aos seus cuidados, a confiar na sua ajuda na
caminhada e ser confortado no seu perdão único e salvador. Especialmente na juventude,
Jesus nos chama a nos apaixonarmos por Ele e ouvi-lo dizendo ao nosso coração: “Eis que
estou com vocês todos os dias até o fim dos tempos” (Mateus 28.20).
📷Veja a galeria de fotos do Congresso da JELB – Guiados
48º Congresso JELB – GUIADOS, de Iury Jandt Fotografias